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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ensino Público tem déficit de 300 mil professores no Brasil

O ano de 2012 começará com velhos problemas na rede pública de ensino. Estimativa da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação aponta déficit de cerca de 300 mil professores no país - nas redes estaduais e municipais -, número que corresponde a 15% do total de educadores em salas de aula (2 milhões). Salários baixos, falta de educadores no mercado, ausência de planos de carreira e mau gerenciamento do quadro de servidores - muitos estão desviados de função - são apontados como causas da carência. Para amenizar a crise, estados e municípios recorreram a concursos e contratos temporários, e professores passaram a lecionar em áreas diferentes da sua formação.
Hoje o piso nacional do magistério para 40 horas é de R$1.187. Para o Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino do Rio (Sepe), o valor não motiva a permanência na escola. De acordo com o Sepe, em 2012 a falta de professores continuará a ser crônica na rede estadual, que perderá um educador a cada dia útil por exoneração, mantendo a média deste ano. O déficit nas escolas - a maioria de ensino médio -, chegaria a 10 mil profissionais. Na capital, os números são igualmente preocupantes: 5 mil estimados.
Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho diz que a saída é a aprovação, em 2012, do Plano Nacional de Educação (PNE).
- O PNE prevê plano de carreira. O professor quer buscar a chance de crescimento profissional. Se não for feito nada chegaremos a um ponto que haverá orçamento e alunos, mas não educadores - diz Cleuza, que aponta as áreas de Química, Física e Matemática como críticas.
Carência atinge
todo o país
Maristela Kaminski, de 16 anos, que cursou o segundo ano do ensino médio no Colégio Aderbal Ramos da Silva, em Florianópolis, vive uma realidade comum em Santa Catarina. Ela faz parte dos alunos sem aula por falta de professores na rede estadual. A jovem conta que, neste ano, teve aula somente no segundo semestre nas disciplinas de Geografia, Química, História e Sociologia. Levantamento do Sindicato da Educação do estado feito em 400 das 1.234 escolas estaduais apontou que há falta de professor em 90% delas. Cerca de 50% dos professores (34 mil) são temporários.
O secretário da Educação, Marcos Tebaldi, afirmou que existem casos pontuais. Mas a assessoria técnica da diretoria de Gestão de Pessoas informou que faltam cerca de dois mil professores e a carência é maior em Matemática, Literatura, Química, e Física, no ensino médio, e Artes, Português, Matemática, e Ciências, no fundamental. Santa Catarina foi um dos estados contrários ao piso nacional do magistério e pagava salário de R$609.
Em Mato Grosso do Sul, dos cerca de 17 mil professores efetivos e convocados da rede estadual, a metade não é concursada e está em sala de aula substituindo profissionais de licença médica, que estão ocupando outras funções ou cedidos para outros poderes. Já no Rio Grande do Sul, dos atuais 77 mil professores que estão em sala de aula, 26 mil não são concursados. Eles foram contratados por razões emergenciais, substituindo docentes fixos afastados.
A Secretaria de Educação do estado do Rio informou que investiu na melhoria salarial. O estado afirma que, neste ano, a carência de professores diminui de 11.773 para 1.550. Está em andamento um concurso para o preenchimento inicial de 3.321 vagas. Já a Secretaria municipal de Educação afirmou que havia déficit de 7.500 professores em 2009. Foram contratados 11.531, faltando hoje 91 educadores.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ministro da Educação é vaiado em festa

O ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), foi vaiado na manhã desta quinta-feira (22) durante a cerimônia de comemoração do Natal com catadores de material reciclável em São Paulo. O evento, realizado anualmente, contou com a presença da presidente Dilma Rousseff.

Dilma foi acompanhada por senadores e ministros, como Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). A mais aplaudida, no entanto, foi a senadora Marta Suplicy, ironicamente a pré-candidata à Prefeitura de São Paulo que foi descartada pelo PT em favor de Haddad, que foi surpreendido por uma sonora vaia.
Depois de seu anúncio, o constrangimento no palco foi nítido, obrigando a intervenção do mestre de cerimônia, que tentou interromper as vaias.
Esta é a primeira vez que Dilma participa da festa de Natal dos catadores de materiais recicláveis e da população em situação de rua na condição de presidente eleita. No ano passado, ela foi à festa na condição de presidente eleita. Ela acompanhava o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava prestes a deixar o governo. Lula participou do Natal dos catadores em todos os anos de seu mandato.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e o MNCR (Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis), a indústria da reciclagem movimenta cerca de R$ 8 bilhões por ano no Brasil.

Calcula-se que entre 300 mil e 1 milhão de pessoas vivem diretamente desta atividade no país, que abriga aproximadamente 1.100 cooperativas e associações de trabalhadores no setor.
 
Polêmica no MEC

A popularidade de Haddad tem sido abalada por constantes problemas no MEC (Ministério da Educação). Na última terça-feira (20), o Senado aprovou um requerimento para que o ministro justifique por escrito o contrato assinado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão que organiza o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), com a empresa Jeta Soluções em Serviços em Tecnologia da Informação Ltda., que pertence a uma dupla sertaneja de Brasília.
Os parlamentares querem detalhes sobre a suposta contratação de uma empresa fantasma para fazer a segurança da informação das provas realizadas pelo Inep. Segundo reportagem publicada pelo jornal Correio Braziliense no dia 3 de novembro, o convênio foi fechado por R$ 6,4 milhões. A dupla afirmou desconhecer o recebimento do dinheiro.
As polêmicas que envolvem a gestão de Haddad não param por aí. Nesta quarta-feira (21), a pasta informou que decidiu anular 14 questões do Enem para mais 500 alunos que fizeram o exame no Ceará. Além disso, em 2009, ladrões roubaram exemplares da prova de uma gráfica e tentaram vendê-los para a imprensa às vésperas do exame, que acabou cancelado.

Fonte: R7

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

História do Natal


Conheça a história do natal, a comemoração em civilizações antigas e atuais





Em diversas culturas espalhadas pelo mundo, a celebração da passagem do ano ou das estações é feita com o intuito de estabelecer a renovação do mundo e o revigoramento dos valores que agregam uma determinada civilização. Semelhantemente, o Natal também incorpora esse mesmo princípio de renovação ao celebrar o nascimento de uma das figuras centrais do cristianismo, Jesus Cristo. De fato, em diversas manifestações natalinas podemos também enxergar a reafirmação desse mesmo valor.
Dessa maneira, podemos observar que os princípios natalinos se configuraram em diferentes culturas ao longo do tempo. Os mesopotâmicos, por exemplo, celebravam nessa mesma época o Zagmuk. Segundo a tradição mesopotâmica, o fim do ano era marcado pelo despertar de monstros terríveis a serem combatidos por Marduk, sua principal divindade. Durante a festividade, um homem era escolhido para ser vestido e tratado como rei, para depois ser sacrificado, levando todos os pecados do povo consigo.

Nas civilizações nórdicas, o Yule – marcado para o dia 21 de dezembro – marcava o retorno do sol. Para celebrar a mudança, grandes toras de madeiras eram amontoadas para a montagem de grandes fogueiras que tinham em suas labaredas a representação de novas colheitas e rebanhos a serem consumidos no ano seguinte. Marcando o início do inverno, a celebração reafirmava uma grande esperança nas novas conquistas a serem obtidas no novo ano que se iniciava.

Na Roma Antiga, a data de 25 de dezembro marcava o início das celebrações em homenagem ao nascimento do deus Sol, conhecido como “Natalis Solis Invcti” (O Nascimento do Sol Invencível). Nessa mesma época, entre os dias 17 e 24 de dezembro, também ocorriam as festividades da Saturnália, celebração cercada de muita comida e bebida onde as normas do mundo formal eram subvertidas com o intuito de promover a renovação dos valores por meio de festas marcadas pela inversão dos padrões vigentes.

Com a oficialização do cristianismo no interior do Império Romano, várias destas datas foram incorporadas com o propósito de alargar o número de convertidos à nova religião do Estado. Nesse processo, o dia 25 de dezembro foi instituído como a data em que se comemorara o nascimento de Jesus Cristo. Na verdade, várias analogias entre as tradições pagãs e os valores cristãos oferecem uma grande proximidade entre os significados atribuídos a Cristo e as divindades anteriormente cultuadas.

Assim como Jesus Cristo, Mitra era reconhecida como uma grande divindade mediadora espiritual para os romanos. Da mesma forma, Jesus, considerado “O Messias”, teria a mesma função de conceder a salvação espiritual a todos aqueles que acreditassem em seus ensinamentos por meio da conversão. Com isso, a absorção dos princípios e referenciais religiosos da cultura romana influenciou na ordenação das festividades e divindades do Cristianismo.

Mesmo a Bíblia não especificando o nascimento de Cristo, as autoridades cristãs fizeram a escolha desta data, que foi mais tarde reconhecida pelo Papa Julius I (337 -352). Com o processo de expansão e regulamentação das tradições do cristianismo, o feriado natalino ganhou enorme força ao seguir o próprio processo de expansão da nascente religião. Dessa maneira, o Natal conseguiu se transformar em uma das principais datas a serem comemoradas pelos cristãos de todo o mundo.


Por Rainer Sousa
Graduado em História

domingo, 18 de dezembro de 2011

Plano Nacional de Educação para 2011 a 2020 será votado em 2012

iG São Paulo
Reunião da Comissão da Câmara sobre o assunto definiu que projeto não vai mesmo ao Senado este ano
A aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) na Câmara dos Deputados ficou para 2012. Em reunião na quinta-feira, os deputados da Comissão Especial definiram que o projeto será votado até 15 de março para então ser encaminhado ao Senado. Neste meio, tempo, o Ministro da Educação, Fernando Haddad, já terá deixado o cargo. O Brasil está sem plano para a área. O último valia até 2010.
O plano estabelece 20 metas educacionais que deverão ser alcançadas pelo país no prazo de dez anos - o primeiro já passou e a votação não foi feita sequer na Câmara, que seria a primeira etapa. Entre as metas previstas está o aumento de vagas em creches, a ampliação de escolas em tempo integral e a expansão das matrículas em cursos técnicos. O que tem adiado a votação, no entanto, é a falta de consenso sobre o porcentual do PIB necessário para levar o plano adiante.
Os movimentos defensores da Educação pedem 10%, o governo enviou projeto com 7% e o primeiro relatório da Câmara previa 8%, porém, contados aí investimentos indiretos, como bolsas de estudo no exterior.
A expectativa era que a proposta, encaminhada pelo Executivo ao Congresso Nacional em dezembro de 2010, fosse aprovada na Câmara ainda neste ano. Mas após a divulgação do relatório do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), os parlamentares apresentaram cerca de 400 emendas ao texto e não há tempo hábil para analisá-las antes do recesso parlamentar marcado para o dia 22 de dezembro.
“Devido à complexidade e a importância dessa lei, nós achamos melhor deixar para 2012 até porque não altera o prazo para a votação final. Mesmo que o PNE fosse aprovado hoje ele teria que ser enviado ao Senado que só apreciaria a matéria no ano que vem”, explicou Vanhoni. O deputado disse que irá trabalhar durante o recesso parlamentar na avaliação das emendas para apresentar a versão final do substitutivo no começo de fevereiro.  
A apresentação do relatório foi adiada diversas vezes por causa da dificuldade do relator em negociar mais recursos para a área com o governo. Hoje o país investe 5% do PIB na área.
* com informações da Agência Brasil

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Professor acreano é destaque em premiação nacional para educadores

Prêmio Professores do Brasil reconhece esforço dos professores no desenvolvimento de atividades pedagógicas


O concurso, criado em 2005 e realizado em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB), seleciona e premia as melhores experiências pedagógicas  (Assessoria SEE)
O concurso, criado em 2005 e realizado em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB), seleciona e premia as melhores experiências pedagógicas  (Assessoria SEE)
O concurso, criado em 2005 e realizado em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB), seleciona e premia as melhores experiências pedagógicas (Assessoria SEE)

Comprovando a qualidade dos projetos escolares desenvolvidos no Estado do Acre, será premiado em Brasília nesta terça-feira, 13, o professor Vitelio Aníbal Chávez Hijar, da Escola de Ensino Fundamental e Médio Leôncio de Carvalho, único professor acriano selecionado na quinta edição do Prêmio Professores do Brasil, iniciativa do Ministério da Educação (MEC) que busca reconhecer o mérito de professores das redes públicas de ensino por contribuir para a melhoria da qualidade na educação.
O concurso, criado em 2005 e realizado em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB), seleciona e premia as melhores experiências pedagógicas desenvolvidas ou em desenvolvimento por professores de todas as etapas da educação das escolas públicas e que, comprovadamente, tenham obtido êxito de acordo com as diretrizes propostas no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.
O projeto elaborado pelo professor Vitelio Aníbal, da disciplina de Língua Espanhola, foi a 1ª Mostra Cultural de Danças, Músicas, Poesias e Teatro (1ª Muestra Cultural de Danzas, Músicas, Poesías y Teatro), executada pelos alunos de ensino médio da instituição. De caráter interdisciplinar, o evento contava com expressões artísticas dos alunos interagindo com áreas das ciências sociais, artes cênicas e literatura. Outro ponto qualitativo da mostra foi a disseminação da cultura espanhola e hispano-americana por meio das artes.
Para o educador, além de estimular o interesse pela literatura e pelas culturas estrangeiras, o projeto desenvolve a oralidade e a fluência linguística dos alunos participantes através da recitação de poesias e músicas em espanhol, lembrando que o uso de atividades que interessem aos aluno facilita no ensino de qualquer disciplina.
Alijane Silva Cavalcante, diretora da escola, lembra da importância de projetos em que os alunos possam estar aptos a conciliarem interesses pessoais dentro da disciplina trabalha, o que, segundo muitos educadores, contribui para um maior aprendizado real do aluno. "Além do contato com as artes, o projeto teve cunho social: a entrada custou 1 kg de alimento não perecível, que foram arrecadados e doados para o Educandário Santa Margarida e para o Lar dos Vicentinos".
O professor premiado e a diretora, que representa a escola, viajam para Brasília nesta terça-feira, 13, para participação de um seminário em Brasília nos dias 14 e 15, onde será realizada a Cerimônia de Premiação do concurso. Os autores das experiências selecionadas pelas Comissão Julgadora Nacional receberão prêmio no valor de R$ 5 mil, além de troféu e certificado. As escolas que desenvolveram as experiências selecionadas serão premiadas com R$ 2 mil em equipamentos audiovisuais ou multimídia.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Aprovar plano é o maior desafio dos educadores

 

Aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE) é hoje o maior desafio e ao mesmo tempo a grande aposta de mudanças reais para a educação do Brasil. Para a presidenta da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Ampae) e Coordenadora de Fórum Estadual de Educação do Pernambuco Márcia Ângela Aguiar, a partir do PNE será possível estruturar o sistema de educação brasileiro,  até então, inexistente.  "A educação no Brasil sempre foi tratada como política de governo e não de Estado. O maior desafio é mudar o ideário de educação. A formação do ser humano não pode ser reduzida ao ponto de vista do empreendedor e de gerências nas questões educacionais", disse a professora.

Durante o seminário "Os Desafios da Educação no Nordeste e o papel dos Meios de Comunicação", realizado pela Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, na última quarta-feira, a pedagoga falou da necessidade urgente de aprovação ainda este ano do PNE, sob pena de alterações profundas e possível 'engavetamento", caso fique para 2012, ano de eleições. A previsão inicial era agosto passado.

O projeto de lei, número 3085/2010, foi criado a partir da realização do Congresso Nacional de Educação (Conae), em 2010, com participação de educadores e gestores de todo país e encaminhado para o Congresso Nacional, para votação. Com 20 metas estabelecidas, que se desdobram em diversas estratégias de implantação  de 2011 até 2020, o projeto inicial recebeu cerca de 2,5 mil emendas em um ano.
ArquivoComputadores em sala de aula: uso de tecnologia melhora o aprendizado de crianças, mas a informática ainda é um sonho na rede públicaComputadores em sala de aula: uso de tecnologia melhora o aprendizado de crianças, mas a informática ainda é um sonho na rede pública


O substitutivo proposto pelo deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR), aponta modificações significativas como a incorporação da descrição dos insumos necessários para a qualidade do ensino, o chamado "custo-aluno", e mecanismos de controle social. E pontos polêmicos, como não definir as competências de cada ente federativo e de concepção de metas, além de fixar em 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país a parte orçamentária destinada à educação. Entidades educacionais reivindicam 10% do PIB, enquanto o governo defende os 7% assegurados em campanha eleitoral.



Durante o evento, o presidente da Fundação Joaquim Nabuco apresentou plano de ação do órgão, vinculado ao MEC, de ampliação das ações para todo o Nordeste. O plano consta de 26 metas, com programas em ensino, pesquisa e tecnologia, a serem executadas em curto, médio e longo prazo - entre 2012 a 2020.

Aliar tecnologia e educação é uma das propostas para  melhorar os níveis educacionais e diminuir o descompasso de tempos e metodologias entre os principais agentes do processo educacional - escola, professores e alunos - que corroboram para o mau resultado nas escolas públicas do país, explica o secretário de Educação de Pernambuco Anderson Gomes. Nesse sentido, o Estado vizinho irá fornecer, a partir de fevereiro do próximo ano, a 2 mil estudantes do ensino médio de escolas estaduais, equipamentos tablets equipados com softwares de aulas e chips que permitem a supervisão de conteúdo por parte dos professores. A aquisição representa um investimento de R$ 1,6 milhão. Os professores receberão capacitação para uso da nova tecnologia, dentre outros cursos, e as escolas sinal de internet sem fio.

"Não se pode educar bem com  escolas do século 19, professores com formação do século 20 e estudantes do século 21. É preciso que estejam sintonizados no mesmo tempo", frisa Anderson Gomes.  Entretanto, o secretário afirma que as tecnologias são complementares. Para otimizar o tempo de aula, o processo de chamada será substituído por leitor digital. "Esperamos com isso ganhar 15 minutos no tempo de aula", afirma.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Educar na Fé



"Levante-se e ande"

Lc 5,17-26
Leitura Orante
Um dia Jesus estava ensinando, e alguns fariseus e alguns mestres da Lei estavam sentados perto dele. Eles tinham vindo de todas as cidades da Galiléia e da Judéia e também de Jerusalém. O poder do Senhor estava com Jesus para que ele curasse os doentes. Alguns homens trouxeram um paralítico deitado numa cama e estavam querendo entrar na casa e colocá-lo diante de Jesus. Porém, por causa da multidão, não conseguiram entrar com o paralítico. Então o carregaram para cima do telhado. Fizeram uma abertura nas telhas e o desceram na sua cama em frente de Jesus, no meio das pessoas que estavam ali. Jesus viu que eles tinham fé e disse ao paralítico:
- Meu amigo, os seus pecados estão perdoados!
Os mestres da Lei e os fariseus começaram a pensar:
- Quem é este homem que blasfema contra Deus desta maneira? Ninguém pode perdoar pecados; só Deus tem esse poder.
Porém Jesus sabia o que eles estavam pensando e disse:
- Por que vocês estão pensando assim? O que é mais fácil dizer ao paralítico: "Os seus pecados estão perdoados" ou "Levante-se e ande"? Pois vou mostrar a vocês que eu, o Filho do Homem, tenho poder na terra para perdoar pecados.
Então disse ao paralítico:
- Eu digo a você: levante-se, pegue a sua cama e vá para casa.
No mesmo instante o homem se levantou diante de todos, pegou a cama e foi para casa, louvando a Deus. Todos ficaram muito admirados; e, cheios de medo, louvaram a Deus, dizendo:
- Que coisa maravilhosa nós vimos hoje!

Fonte:http://www.paulinas.org.br

Governo define meta de utilizar 8% do PIB com educação daqui a 20 anos



Foi definida para a educação do país uma meta de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos dez anos após uma longa negociação do governo. O documento que indica a estimativa foi protocolado nesta segunda-feira pelo relator do Plano Nacional da Educação (PNE), o deputado Angelo Vanhoni (PT-PR). A mudança confere um aumento de 1% na projeção anterior, que foi revisada. Atualmente o Brasil investe 5% do PIB em Educação.

O relatório do PNE foi debatido ao longo das últimas semanas, tendo sua publicação adiada diversas vezes diante de falhas no acordo para a meta de investimentos. Diversas emendas entre as 3 mil apresentadas ao novo projeto de lei indicavam que a alteração deveria ser para 10% do PIB.

Vanhoni e outros deputados da base participaram de reuniões no Palácio do Planalto na tentativa de aumentar os recursos previstos, mas segundo o deputado não houve consenso. "Agora vamos aguardar a negociação", disse Vanhoni à Agência Brasil.

Para a decisão final do índice, são ouvidas ainda entidades como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Campanha Nacional pelo Direito à Educação e União Nacional dos Estudantes (UNE).

Após a conclusão do relatório, há um prazo de cinco sessões para que novas emendas sejam apresentadas ao texto, até que seja definitivamente fechado. Desde a semana passada, diversos parlamentares membros da comissão especial criada para avaliar o plano já afirmavam que, caso a meta definida pelo relator fosse inferior a 10% do PIB, seriam apresentadas mais emendas para tentar impor o valor. Caso seja feito algum pedido de vista ao relatório, a aprovação do projeto pode ficar para 2012 já que o recesso parlamentar começa em 22 de dezembro.

Cabe ao PNE estabelecer 20 metas educacionais que devem ser alcançadas pelo país no prazo de 20 anos. Entre elas o aumento de vagas em creches, a ampliação de escolas em tempo integral e a expansão das matrículas em cursos técnicos. Não há nenhum plano em vigor desde que o antigo PNE chegou ao fim, em dezembro de 2010.

Com informações da Agência Brasil

MEC quer criação de um currículo nacional

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) já prevê uma meta curricular comum para o todo o País


São Paulo O Ministério da Educação (MEC) vai propor um currículo nacional para a educação básica. A ideia é formalizar as expectativas de aprendizagem em todos os níveis dessa etapa de ensino. O documento vai funcionar como orientações complementares às novas diretrizes curriculares, propostas no ano passado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).

A meta do MEC é estabelecer os objetivos e direitos a serem alcançados pelas crianças, delineando, além das experiências a serem vivenciadas pelos alunos, as condições necessárias para a realização dessas expectativas de aprendizado - em termos de materiais pedagógicos, de tempo e organização curricular.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) já prevê uma base curricular comum para o País. Avaliações nacionais como a Provinha Brasil (aplicada no 2.º ano do ensino fundamental) e a Prova Brasil (feita para o 5.° e 9.° anos) são um exemplo disso. O sistema educacional também conta com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), da década de 90, e diretrizes curriculares recentemente aprovadas pelo MEC.

No entanto, o governo considera que há a necessidade de aprofundar essas diretrizes e atualizar as orientações, criando o que seria o primeiro passo para a instituição de uma base curricular comum no País. "Não vamos colocar o currículo numa forma - vamos discutir as bases", explica a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda. "Não é uma listagem de conteúdos - é um instrumento de organização da vida do professor e do aluno."

Para Jaqueline Moll, diretora de currículos e educação integral do MEC, um dos pontos mais importantes da elaboração das expectativas de aprendizagem é dar conta das circunstâncias em que o ensino se dá.

"Temos de pensar na escola contemporânea, nos seus desafios e em quais são os marcos do aprendizado das línguas, matemáticas e das áreas de conhecimento postas pela LDB", diz ela.

"Exemplo: as novas diretrizes instituem o ciclo de alfabetização. Mas, ao concluí-lo, o que o estudante deve ter construído?"

Segundo Cesar Callegari, do CNE, a necessidade de se estabelecer as expectativas decorre, entre outros fatores, do fato de as diretrizes em vigor serem muito abrangentes.

"Elas apresentam conceitos, mas muito genéricos, insuficientes para definir currículos", explica ele, que considera os PCNs defasados. "Precisam ser atualizados", disse.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirma que a ideia não é formatar um currículo único. "O Brasil praticamente aboliu o currículo nos anos 90 e a Prova Brasil recuperou um pouco, pela via da avaliação, a ideia de organização curricular, que estava fragmentada com os parâmetros curriculares", disse ele ao Estado "Há uma demanda para aprofundar isso."

Debate
Uma das discussões em torno do estabelecimento das expectativas é se elas seriam divididas por anos ou por etapas de ensino (por exemplo: ciclo I e II do fundamental). Alguns especialistas defendem que sejam definidas por ano, para evitar atrasos no aprendizado e até repetências.

Para a secretária de Educação do município do Rio de Janeiro, Claudia Costin, as cidades devem ter um currículo claro, com os conteúdos que as crianças devem aprender ano a ano. "Assim, os pais podem acompanhar o que os filhos atendem", diz. Segundo ela, o currículo da cidade foi construído com profissionais que tinham elaborado o primeiro documento, em 1996, e os conteúdos a serem ensinados foram dispostos ano a ano.

A ideia do MEC é apresentar o texto-base até o fim deste mês. Será aberta então uma consulta pública no início do ano para então um grupo de trabalho definir as expectativas por áreas. No segundo semestre, está prevista uma nova consulta pública. Apenas em dezembro de 2012 o documento deve ficar pronto.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O trabalho como bênção da vida


Ser professor é...





Ser professor
é professar a fé
e a certeza de que tudo
terá valido a pena
se o aluno sentir-se feliz
pelo que aprendeu com você
e pelo que ele lhe ensinou...
Ser professor é consumir horas e horas
pensando em cada detalhe daquela aula que,
mesmo ocorrendo todos os dias,
a cada dia é única e original...
Ser professor é entrar cansado numa sala de aula e,
diante da reação da turma,
transformar o cansaço numa aventura maravilhosa de ensinar e aprender...
Ser professor é importar-se com o outro numa dimensão de quem cultiva uma planta muito rara que necessita de atenção, amor e cuidado.
Ser professor é ter a capacidade de "sair de cena, sem sair do espetáculo".
Ser professor é apontar caminhos,
mas deixar que o aluno caminhe com seus próprios pés...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Atividades para o 3º ano


Alguns textos do 3º ano (antiga 2ª série):

A arara

O menino Poti saiu da taba a pé e foi até a mata.
Lá, viu uma arara muito bonita no pé de guaraná.
Com o peito amarelo e pena colorida na asa e no rabo.
A arara falava:
- Arara! Arara!
Poti subiu no pé de guaraná e pegou a arara para ele.

Responda:

1) Como é o nome do Menino?
R: ______________________________________________

2) Onde ele viu uma arara?
R: ­_____________________________________________

3) Como era a arara?
R: ______________________________________________

4) Desenhe de acordo com o Texto:

5) Separe as sílabas e classifique-as:

Barata: ___________________________________
arara: ______________________________
Caramelo: ________________________________
guaraná: ____________________________
Vara:_____________________________
colorida: ____________________________

6) Leia e desenhe:

Barata arara buraco muro

*****************
A Raposa faminta

A raposa estava com fome e resolveu comer a galinha Josefina.
A raposa pensou em enganar a galinha fazendo uma fantasia de gente.
A raposa colocou uma camisa e um casaco e foi fazer uma visita para a galinha.
Foi até a casa da galinha Josefina e bateu na porta.
Josefina atendeu, deu uma risada gostosa e disse:
- Ué, dona raposa! A senhora está horrorosa com esta roupa feiosa.
A raposa, envergonhada, foi embora e continuou com fome.

1) Copie as palavras com S com som de Z:
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) Complete com s ou com z leia e copie:

ro....a ______________________ vi....ita _______________________
ca....a ______________________ mole....a ______________________
a....edo _____________________ a....ulado ______________________
bu....ina ____________________ u....ado ________________________
ca....aço ____________________ va....o ________________________
co....inha ____________________ a....eitona ______________________
be....ouro ____________________ co....ido _______________________

*****************
O lanche da bicharada

O chefe chimpanzé chamou a bicharada para comer o lanche na choupana.
A choupana fica perto da cachoeira.
No lanche foi servido chá, salsicha, chocolate e bolachas.
- É uma maravilha! – diz a ovelha.
- Au! Au! Como é bom! – diz o cachorro.
- Acho tudo isto muito chato – cochicha o burro no ouvido da galinha.

1) Copie do texto as palavras escritas com ch:
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) Responda:
a) Quem chamou a bicharada para comer o lanche?
R: __________________________________________

b) Onde o lanche foi servido?
R: __________________________________________

c) Onde se localiza a choupana?
R: __________________________________________

d) O que foi servido no lanche?
R: __________________________________________

3) Escreva o que disse:

a ovelha _______________________________________________________________

o cachorro _______________________________________________________________

o burro ________________________________________________________________


4) Pesquise 10 palavras com ch:
________________________________________________________________
________________________________________________________________


MEC vai recorrer de decisão sobre idade de ingresso escolar



O Ministério da Educação (MEC) vai recorrer da decisão do juiz federal Cláudio Kitner, da 2ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco, que suspendeu uma resolução que impedia a matrícula de crianças menores de 6 anos no ensino fundamental. Pela regra, estabelecida em 2010 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão vinculado à pasta, o aluno precisa ter 6 anos completos até 31 de março do ano letivo para ser matriculado no 1° ano do ensino fundamental – caso contrário deverá permanecer na educação infantil.

A decisão, em caráter liminar, atende a um pedido do Ministério Público Federal, contra a resolução do CNE que determinava o novo limite de idade. A liminar do juiz de Pernambuco deixa a critério da escola aceitar ou não a matrícula de alunos em idade fora das normas.

- Nós queremos preservar a normalidade dos sistemas de ensino para que eles possam começar o ano letivo de letivo de 2012 organizadamente - defendeu a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda durante entrevista à Agência Brasil.

De acordo com Pilar, 80% das redes públicas de ensino já respeitam o prazo de 31 de março. A pressão para que crianças menores de 6 anos sejam matrículas no 1° ano do ensino fundamental vem dos estabelecimentos privados. O MEC e o CNE argumentam que a criança pode ser prejudicada se ingressar precocemente no ensino fundamental. A consultoria do MEC deverá se reunir com membros do CNE no início da próxima semana para elaborar o recurso.

- A gente tem que tomar muito cuidado para que essa matrícula não vire uma disputa de mercado. E mais do que isso, que ela impeça a criança de viver plenamente a infância porque irá submetê-la às exigências do ensino fundamental como o rendimento - disse Pilar.

Em sua decisão, o juiz Cláudio Kitner defendeu que a competência de cada criança precisa ser avaliada individualmente e a aptidão para o ingresso não pode ser baseada apenas no critério cronológico. Segundo ele, permitir a matrícula a uma criança que completa 6 anos em 31 de março e negar a outra que faz aniversário um mês depois fere o princípio da isonomia. Segundo Pilar, a escola pode avaliar casos específicos de crianças que já leiam, escrevam e tenham a maturidade necessária para ingressar no ensino fundamental aos 5 anos, mas acredita que esse alunos são exceções.

Critério cronológico

Na decisão da Justiça, o juiz afirma que "as resoluções em destaque põem por terra a isonomia, deixando que a capacidade de aprendizagem da criança individualmente considerada seja fixada de forma genérica e exclusivamente com base em critério cronológico, que não tem qualquer cientificidade comprovada".
Kitner aponta, ainda, que a proibição "macula a dignidade da pessoa humana, ao obrigar crianças que não se incluam na faixa etária definida no critério das destacadas resoluções a repetirem de ano, obstando o acesso ao ensino fundamental, nível de ensino mais elevado, ainda que seja capacitado para o novo aprendizado".

O procurador responsável pelo caso, Anastácio Nóbrega Tahim Júnior, afirmou na ação que “o Conselho Nacional de Educação deveria ter previsto a possibilidade de se proceder a uma avaliação psicopedagógica das crianças que pretendem ingressar na primeira série do ensino fundamental, critério de admissão que privilegiaria a capacidade de cada uma e não a sua data de nascimento, garantindo-se, com isso, tratamento isonômico”.
Como é em caráter liminar, o MEC tem um prazo de 20 dias para recorrer.
Fonte: Da Agência O Globo

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PNE em risco: A educação brasileira não pode esperar!

   

Os adiamentos constantes na leitura do relatório substitutivo ao PL 8035/2010 desrespeitam a participação da sociedade civil e inviabilizam a construção dos planos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
A Campanha Nacional pelo Direito à Educação, rede composta por mais de 200 organizações distribuídas por todo o país, lamenta mais um adiamento na leitura do relatório substitutivo do Deputado Angelo Vanhoni (PT/PR) ao Projeto de Lei 8035/2010, que trata do segundo Plano Nacional de Educação pós-redemocratização do Brasil.
Desde o início de novembro, ontem (23/11) foi a quarta vez seguida em que foi protelada a apresentação do texto. O Plano Nacional de Educação é um instrumento determinado pelo Art. 214 da Carta Magna. Após a Emenda à Constituição 59/2009, a missão do PNE passou a ser “articular o Sistema Nacional de Educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino;
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto.” (Art. 214, Constituição Federal de 1998)
A envergadura da missão constitucional do PNE torna inadmissível que a tramitação do projeto se encontre praticamente paralisada ou distante do debate público.
O trabalho das organizações, redes e movimentos educacionais resultou na apresentação recorde de 2915 emendas ao tímido projeto de PNE elaborado pelo Executivo Federal. Apenas as 101 sugestões originais apresentadas e defendidas pela rede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação resultaram em mais de 31% de todas as emendas apresentadas ao PL 8035/2010. Todo o esforço de incidência política da sociedade civil na elaboração do PNE – que se desdobrou em centenas de audiências públicas, seminários e congressos que ocorreram em todos os cantos do país – está sendo ignorado e desrespeitado com os constantes atrasos na leitura do relatório.
Do mesmo modo que a mobilização social é desconsiderada, Estados e Municípios anseiam pela aprovação do PNE no Congresso Nacional para construírem seus respectivos planos municipais e estaduais. Ou seja, além de um problema de respeito ao princípio constitucional da participação democrática, o congelamento da tramitação do Plano Nacional de Educação tem obstruído gravemente o planejamento dos rumos educacionais dos outros entes federados.
A justificativa para a demora na apresentação do substitutivo ao PL 8035/2010, produzido pelo relator Angelo Vanhoni (PT-PR), é a pressão exercida pela área econômica do Governo Federal, que é contrária a qualquer centavo de investimento acima de 7% do PIB em educação. Ao invés de compreender o PNE como um plano de Estado, amparado por uma demanda constitucional, o Governo Dilma prefere entendê-lo como uma ação de governo. Divulgada em agosto de 2011, uma Nota Técnica da Campanha Nacional pelo Direito à Educação mostra que com 7% do PIB de investimento em educação, o Brasil não conseguirá oferecer educação de qualidade aos seus cidadãos e cidadãs. Ou seja, o país permanecerá apenas ampliando o acesso à educação, sem considerar todos os aspectos envolvidos na consagração plena desse direito, o que resultará em agravamento das desigualdades socioeconômicas e civis historicamente verificadas no Brasil.
Desse modo, não basta ser divulgado o relatório. É preciso que ele seja apresentado com a definição de que em 10 anos o Estado brasileiro chegará a um nível de investimento em educação equivalente a 10% do PIB, sendo 7% um patamar inaceitável após tanto debate público. Também é preciso que o relatório do PNE corresponda às demandas da sociedade civil e reveja os mecanismos de avaliação da educação básica, determine meios para uma efetiva valorização dos profissionais da educação e, principalmente, garanta a implementação imediata do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial), em um percurso que culmine na efetivação do CAQ (Custo Aluno-Qualidade) em seis anos.
Portanto, tão urgente quanto a apresentação do relatório no plenário da Comissão Especial do PNE – que para ter sua aprovação ainda nesse ano na Câmara dos Deputados precisa ocorrer, já sob risco, até 29 de novembro de 2011 –, é preciso que o texto reflita um PNE pra Valer!
Diante da necessidade de apresentação do relatório substitutivo ao PL 8035/2010, a partir de hoje a Campanha Nacional pelo Direito à Educação empreenderá diversas ações de pressão para garantir a leitura do texto, no máximo, até o dia 30 de novembro de 2011. Nesse momento, é preciso que o Poder Legislativo tenha ousadia para aprovar um PNE pra Valer, um PNE que o Brasil quer e precisa.
Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Comitê Diretivo Nacional
Ação Educativa
ActionAid Brasil
CCLF (Centro de Cultura Luiz Freire)
Cedeca-CE (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará)
CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação)
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente
Mieib (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
Uncme (União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação)
Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação)


A LITERATURA DE CORDEL COMO FONTE DE INCENTIVO NO ENSINO DE LITERATURA

Autor: Marcos Antonio Pontes

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo identificar e analisar dados sobre uma das competências menos desenvolvidas no ensino de literatura em sala de aula, que é sem dúvida alguma o gênero cordel, que pode ser uma boa oportunidade do aluno ter um contato com a experiência cultural que emanar desta literatura e toda sua riqueza expressiva, quanto à articulação de várias linguagens – verbal oral, verbal escrita, musical e visual e quanto aos diversificados temas que o aborda.
Podemos assim conhecer, valorizar e respeitar a multiculturalidade própria do nosso país e os significados e coletividades, experiências comunitárias, e o imaginário do folclore, presente na produção do cordel. Além disso, é bem interessante discutir com os alunos como a literatura de cordel, até por sobrevivência acaba de incorporar inovações da industrial cultural o que a torna mais rica e diversificada.

1. INTRODUÇÃO

É muito rica e diversificada a produção cultural de um povo; mas o nordestino é especial. No entanto, talvez o nosso maior problema seja a não valorização daquilo que temos. É mais propício aceitar o que a mídia propõe do que explorar o que está em nosso dia-a-dia.
A literatura de cordel é exatamente isso – cultura popular. Os versos estão sempre relatando acontecimentos, fatos políticos, artísticos, lendários, folclóricos ou pitorescos da vida como ela realmente é. Sua produção é simples como o povo; não requer tanto “estilísmo” ou “formalidades”; sua abrangência alcança todos as classes sociais. Assim, o que falta é o reconhecimento e a valorização. Ao propor este trabalho para os alunos em sala de aula, estaremos oferecendo um leque de recursos que os ajudarão em várias carências de aprendizagem, como a produção textual, a leitura, a escrita, a linguagem não verbal (na análise da xilogravura), apreciação artístico-literária e um universo para a socialização e cidadania, principalmente, no campo da Literatura.
É um campo de estudo pedagógico onde os professores terão subsídios – didáticos para trabalhar vários tipos de conteúdos, pois estes podem ser adotados aos objetivos que forem traçados. Ao mesmo tempo é uma oportunidade para que este ramo da literatura popular tenha uma chance de aceitação e valorização; fazendo despertar entre as pessoas o gosto pela preservação dos nossos artistas e da cultura nordestina nas escolas.

1.1. OBJETIVOS


1.1.1. Objetivo Geral.

Proporcionar a escola e ao professor a inclusão da Literatura de Cordel em sala de aula para que se estabeleçam propostas para a difusão dessa arte literária entre os alunos, fazendo com que se promova a qualidade da leitura, o traço forte da oralidade, presente nas falas dos personagens populares (sertanejos, brejeiros, …) e a elaboração textual focalizando bem como a história do cordel a vida e a obra de grandes cordelistas para que possa conhecer esta riquíssima expressão literária popular .
1.1.2. Objetivos Específicos.
Conhecer uma rica manifestação da nossa literatura (nordestina) caracterização de valores pedagógicos (leitura, escrita e métrica dos versos) na utilização do cordel.
Possibilitar o aluno o conhecimento da linguagem cordelista, enfocando a cultura nordestina em prol da valorização das nossas raízes.
Promover uma aproximação do aluno com a cultura popular nordestina.
Estimular um olhar crítico e simultaneamente poético sobre a realidade sertaneja.


1.2 . JUSTIFICATIVA

Sabe-se que o contexto educacional, desde os tempos mais remotos, vem sempre relutando em relação ao ensino-aprendizagem, ou seja constates mudanças em prol da aprendizagem, porém ainda a de melhorar eis o que o aluno de hoje não tem a capacidade de interpretar ou discutir o que esta lendo e de que se trata o texto.
Diante dessa questão e considerando ainda o “contexto educacional”; esse trabalho tem como justificativa reconhecer a diversidade cultural e lingüística do país, conforme avalia Maria José em seu artigo da revista “Nova Escola” sobre o incentivo da literatura de cordel,
“… utilizei a literatura de cordel e textos de Patativa do Assaré para quebrar preconceitos da língua portuguesa., “Mostre a seu alunos que a língua popular muitas vezes e ridicularizada porque o povo é discriminado”, afirma a professora . peça que eles descubram a regra desses versos, que fogem do padrão institucionalizado. Trabalhando com músicas de Luiz Gonzaga, fã confesso de Lampião, também poder ser bons matérias para ilustrar a vida do povo nordestino. Coloque música do rei do baião para seus alunos ouvirem e dançarem . “É um reconhecimento da diversidade cultural e lingüística do pais’.
Assim sendo, e considerado o que foi expresso acima, a literatura de cordel é um assunto interessante e de grande importância para nossa região, pois todo ser humano tem necessidade de conhecer suas origens, o passado, sua história , a cultura e os costumes da sociedade onde vive, de sua região.
A literatura de cordel nas escolas não é muito conhecida nem explorada, pois a mesma e vista de forma avessa pelos os alunos, não trazem consigo o sabor de que “Literatura é vida, é arte” devido essa percepção a respeito da falta de divulgação e conhecimento sobre literatura de cordel nas salas de aulas , tornou-se necessário que os alunos conheçam a riqueza que existe nos versos da literatura da cordel para que possam produzi textos, enriquecer como leitor e conhecer uma das mais ricas manifestações da língua.

1.3. METODOLOGIA
  • Propor aos alunos uma oficina de literatura, utilizando o cordel, como estudo.
  • Estudar o cordel, a origem, a historia, a métrica.
  • Desenvolver um projeto “resgatando o cordel” para ser apresentado em sala de aula.
  • Assistir vídeos onde a linguagem utilizada seja em forma de cordel.
  • Utilizar filme “A Quenga e o Delegado” inspirado no cordel de Antonio Kelvisson Vianna de Lima, onde mostra a linguagem do cordel, narrativa estrutura em versos e rimas e assim desenvolver o interesse do aluno sobre a linguagem cordelista.
  • Aproveitar o teor do filme “A Quenga e Delegado” para fazer um painel enfocando questões como a seca, condições de trabalho no campo, diferença social, as crenças populares, a religiosidade do sertanejo, o mito, o lendário e a vinculação de críticas sociais e políticas. A temática principal deste gira em torno do interesse popular.
2. BASE TEORICA.

2.1 A origem da literatura de cordel.

Do romanceiro popular português originou-se a literatura de cordel começou a ser divulgada nos séculos XVI e XVII, trazida pelos colonos portugueses cuja venda era privilégio dos cegos . A partir do século XIX o romanceiro nordestino tornou-se independente, com característica própria, esse nome surgiu a partir de um cordel ou barbante em que os folhetos eram pendurados em exposição. Na origem, a literatura de cordel se liga à divulgação de histórias tradicionais, narrativas de épocas passadas que a memória popular conservou e transmitiu. Essas narrativas enquadram-se na categoria de romance de cavalaria, amor, guerras, viagem ou conquista marítimas. Mais tarde apareceram no mesmo tipo de poesia a descrição de fatos recentes e de acontecimentos sociais contemporâneos que prendiam a atenção da população.
Na Espanha, o mesmo tipo de literatura popular era chamada de “pliegos sueltos“, o corresponde em Portugal, às folhas volantes, folhas soltas ou literatura de cordel. No México, na Argentina, na Nicarágua e no Peru há o corrido, compõe-se em geral de dois grupos: os de romance tradicionais, com temas universais de amor e morte, classificados em profanos, religiosos e infantis; e oscorridos nacionales, com assuntos patrióticos e políticos estes últimos os menos cantados.
Na França, o mesmo fenômeno corresponde á “litteratue de colportage“, literatura volante , mais dirigida ao meio rural, através do “occasionnels”, enquanto nas cidades prevalecia o “canard“.
Na Inglaterra os folhetos são semelhantes aos nossos eram correntes e denominados “cockes” ou “catchpennies”, em relação aos romances e estórias imaginarias; e “broadsiddes” relativos às folhas volantes sobres fatos históricos , que equivaliam aos nossos folhetos de motivação circunstaciais. Os chamados folhetos de época ou “acontecidos“.
Na Alemanha, os folhetos tinham formato tipógrafos em quarto e oitavo de quatro e a dezesseis folhas. Editados em tipografias avulsas, destinavam-se ao grande público, sendo vendidos em mercados, feiras, tabernas, diante das igrejas e universidades. Suas capas (exatamente como ainda hoje , no Nordeste brasileiro) traziam xilogravuras, fixando aspectos do tema tratado. Embora a maioria dos folhetos germânicos fosse em prosa, outros apareciam em versos, inclusive indicação, no frontispício, para ser cantado com melodia conhecida da época.
No Brasil não mais se discute a literatura de cordel, nos chegou através dos colonizadores lusos, em “folhas soltas” ou “manuscritos“. Só mais tarde, com o aparecimento das pequenas tipografias, fins do século passado a literatura de cordel se fincou raízes sobretudo no Nordeste justamente para provar que é uma literatura bem popular, surgem também os chamados repentistas, que criam as letras na hora, de acordo com o pedido da platéia que lhes dão o assunto, e os cantadores obedecem geralmente cantam em dupla, e esses tem revelado os escândalos sociais e políticos e econômicos que nos últimos anos têm nos castigados.O cordel uma das peculiaridades da cultura regional.
A custa de muita luta, tanto os que cantam como os que escrevem o cordel, tem sobrevivido. Graças à vontade de fazer algo diferente o cordel tem rompido barreiras que pareciam intransponíveis, para poder ocupar o lugar que esta sendo habitado por coisas que não são do nosso pais.

2.2. Literatura de Cordel.

Os folhetos de cordel brasileiro, com seus múltiplos temas e expressiva forma de composição poética, têm sido objetos de estudo para pesquisadores do nosso país e também estrangeiros. Os textos de cordel poeticamente estruturados tendo como a sextilha como estrofe básica, são ilustrados com xilogravuras , chichês de cartões postais, fotografias, desenhos e outras composições gráficas e oferecem farto material para pesquisas ensejando variadas interpretações que remetem para o contexto sócio-cultural em que se inserem cada texto. Assim, os folhetos sobre os mais diversos temas, tradicionais ou contemporâneos são versejados por inúmeros poetas populares, estabelecendo-se relações icônico-textuais significativas, ou outras intratextuais.
Como se sabe , esta riquíssima e sugestiva expressão literária popular, que encontrou campo fértil campo no Nordeste brasileiro, só pode ser bem compreendido dentro do contexto cultural mais amplo, envolvendo suas origem européia ou orientais, até a produção atual, de modo a se ter uma visão mais ampla dos seus temas e formas de expressão e das transformações por que vêm passando, no nível da estrutura da narrativa.
Literatura de cordel é o nome desse meio de oferece literatura popular, originou-se no fato dos vendedores, dependurarem pequenos livrinho em barbantes ou cordões, geralmente confeccionados nos tamanhos de 11x15cm ou 11×17 cm e, de papel de baixa qualidade, e tinham suas capas com ilustrada com xilogravuras na década de 20e anos 30 e 50, surgiam as capas com fotos de estrelas do cinemas americano. Atualmente, ainda o mesmo formato, embora possam ser encontradas em outros tamanhos. Quanto à impresão substituindo a tipografia do passado, hoje também são usadas as fotocópias, é comum encontrar os vendedores colocá-los em cima de caixotes ou esteiras, nas calçadas. Esses vendedores também costumam aparecer em feiras semanais. A literatura de cordel esta dividida em três tipos: folhetos que contenham oito páginas, romance que possuem de dezesseis a vinte e quatro páginas; e estórias de trintas e dois a quarenta e oito páginas.
De um modo geral, sua apresentação gráfica é bastante modesta, pois o preço é baixo, uma vez que se destina a camada mais baixa da população.
Esses livros narram os mais diversos assuntos, desde estórias de amor, as aventuras de cangaceiros e acontecimentos importantes, na tentativa de melhor vender sua mercadoria, costuma o vendedor ler em voz alta o conteúdo do livro para depois oferecê-lo aos prováveis compradores, os temas apresentados nesses livros aparecem em prosa ou em versos, sendo bastante comum esta forma, conforme também descreve em estrofes, Francisco Ferreira Filho Diniz em seu cordel “o que é literatura de cordel?” (ver anexo)

2.3 Xilogravura.

A xilogravura – arte de gravar em madeira – é de provável origem chinesa, sendo conhecida desde o século VI. No Ocidente, ela já se afirma durante a Idade Média, através das iluminuras e confecções de baralhos. Mas até ai, a xilogravura era apenas técnica de reprodução de cópias. Só mais tarde é que ela começa a ser valorizada como manifestação artística em si. No século XVIII, chega à Europa nova concepção revolucionária da xilografia: as gravuras japonesas a cores. Processo que só se desenvolveu no Ocidente a partir do século XX. Hoje, já se usam até 92 cores e nuanças em uma só gravura.
Aspecto de grande importância do Cordel é, sem dúvida, a xilogravura de suas capas. Sabe-se que o cordel antigo não trazia xilogravuras. Suas capas eram ilustradas apenas com vinhetas – pobres arabescos usados nas pequenas tipografias do interior nordestino. A partir da década de trinta, surgiram folhetos trazendo nas capas clichês de artistas de cinema, fotos de postais, retratos de Padre Cícero e Lampião. As xilogravuras ou “tacos”, como ainda hoje preferem chamar os artistas populares, usando madeiras leves, como umburana, pinho, cedro, cajá.
Na xilogravura, a resistência – maior ou menor – da madeira sofre transformações. Criam-se na madeira novos veios, outra trama. Fibras nascentes vão compondo vãos e cortes abertos pala goiva. Essas fibras nevrálgicas – amalgamadas ao branco do papel – compõem com ele os ritmos das fibras insurgentes, a contrastar com o filamento negro ou colorido da impressão. Integrada ao papel, a cor negra adquire valores de especiais. O negrume e a coloração registram uma urdidura única, inexistente na natureza. As xilogravuras são ilustrações populares obtidas por gravuras talhadas em madeiras, muito difundidas no Nordeste e sempre associadas à Literatura de Cordel, uma vez que a partir do final do Século XIX passam a ser utilizadas na produção da capas dos folhetos.
Anteriormente, a xilogravura tinha uso considerado “menos nobre”, como a confecção de rótulos de garrafas de cachaça e outros produtos. Sua grande popularidade veio com o cordel .
A origem da xilogravura nordestina até hoje é ignorada. Acredita-se que os missionários portugueses tenham ensinado sua técnica aos brasileiros, como uma atividade extra – catequese, partindo do principio religioso que defende a necessidade de ocupar as mãos para que a mente não fique livre, de maus pensamentos, ao pecado.

2.4. A estrutura da Métrica.

A evolução da literatura de cordel no Brasil não ocorreu de maneira harmoniosa. A oral, precursora da escrita, engatinhou penosamente em busca de forma estrutural. Os primeiros repentistas não tinham qualquer compromisso com a métrica e muito menos com o número de versos para compor as estrofes. Alguns versos alongavam-se inaceitavelmente, outros, demasiado breves. Todavia, o interlocutor respondia rimando a última palavra do seu verso com a última do parceiro, mais ou menos assim:
Repentista A – O cantor que pegá-lo de revés
Com o talento que tenho no meu braço…
Repentista B – Dou-lhe tanto que deixo num bagaço
Só de murro, de soco e ponta-pés.

2.4.1 Parcela ou verso Parcela ou Verso de quatro sílabas

A parcela ou verso de quatro sílabas é o mais curto conhecido na literatura de cordel. A própria palavra não pode ser longa do contrário ela sozinha ultrapassaria os limites da métrica e o verso sairia de pé quebrado. A literatura de cordel por ser lida e ou cantada é muito exigente com questão da métrica. Vejamos uma estrofe de versos de quatro sílabas, ou parcelas.
Eu sou judeu

Para o duelo
Cantar martelo
Queria eu
O pau bateu
Subiu poeira
Aqui na feira
Não fica
Queimo a semente
Da bananeira.
Quando os repentistas cantavam parcela (sim, cantavam, porque esta modalidade caiu em desuso), os versos brotavam numa seqüência alucinante, cada um querendo confundir mais rápida mente o oponente. Esta modalidade é pré-galdiniana, não se conhecendo seu autor.
2.4.2 Verso de cinco sílabas

Já a parcela de cinco sílabas é mais recente, e não há registro de sua presença antes de Firmino Teixeira do Amaral, cunhado de Aderaldo Ferreira de Araújo, o Cego Aderaldo. A parcela de cinco sílabas era cantada também em ritmo acelerado, exigindo do repentista, grande rapidez de raciocínio. Na peleja do Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum, da autoria de Firmino Teixeira do Amaral, encontramos estas estrofes:

Pretinho:
no sertão eu peguei
um cego malcriado
danei-lhe o machado
caiu, eu sangrei
o couro tirei
em regra de escala
espichei numa sala
puxei para um beco
depois dele seco
fiz dele uma mala
Cego:
Negro, és monturo
Molambo rasgado
Cachimbo apagado
Recanto de muro
Negro sem futuro
Perna de tição
Boca de porão
Beiço de gamela
Venta de moela
Moleque ladrão

Estas modalidades, entretanto, não foram as primeiras na literatura de cordel. Ao contrário, ela vieram quase um século depois das primeiras manifestações mais rudimentares que permitiram, inicialmente, as estrofes de quatro versos de sete sílabas.

2.4.3 – Estrofes de quatro versos de sete sílabas

O Mergulhão quando canta
Incha a veia do pescoço
Parece um cachorro velho
Quando está roendo osso.
Não tenho medo do homem
Nem do ronco que ele tem
Um besouro também ronca
Vou olhar não é ninguém

A evolução desta modalidade se deu naturalmente. Vejamos a última estrofe de quatro versos acrescida de mais dois, formando a nossa atual e definitiva sextilha:

Meu avô tinha um ditado
meu pai dizia também:
não tenho medo do homem
nem do ronco que ele tem
um besouro também ronca
vou olhar não é ninguém.

2.4.5 - Sextilhas

Agora, de posse da técnica de fazer sextilhas, e uma vez consagradas pelos autores, esta modalidade passou a ser a mais indicada para os longos poemas romanceados, principalmente a do exemplo acima, com o segundo, o quarto e o sexto versos rimando entre si, deixando órfãos o primeiro, terceiro e quinto versos. É a modalidade mais rica, obrigatória no início de qualquer combate poético, nas longas narrativas e nos folhetos de época. Também muito usadas nas sátiras políticas e sociais. É uma modalidade que apresenta nada menos de cinco estilos: aberto, fechado, solto, corrido e desencontrado. Vamos, pois, aos cinco exemplos:

Aberto:
Felicidade, és um sol
dourando a manhã da vida,
és como um pingo de orvalho
molhando a flor ressequida
és a esperança fagueira
da mocidade florida.
Fechado:
Da inspiração mais pura,
no mais luminoso dia,
porque cordel é cultura
nasceu nossa Academia
o céu da literatura,
a casa da poesia.
Solto:
Não sou rico nem sou pobre
não sou velho nem sou moço
não sou ouro nem sou cobre
sou feito de carne e osso
sou ligeiro como o gato
corro mais do que o vento.
Corrido:
Sou poeta repentista
Foi Deus quem me fez artista
Ninguém toma o meu fadário
O meu valor é antigo
Morrendo eu levo comigo
E ninguém faz inventário
Desencontrado:
Meu pai foi homem de bem
Honesto e trabalhador
Nunca negou um favor
Ao semelhante, também
Nunca falou de ninguém
Era um homem de valor.

2.4.6 – Setilhas

Uma prova de que as setilhas são uma modalidade relativamente recente está na ausência quase completa delas na grande produção de Leandro Gomes de Barros. Sim, porque pela beleza rítmica que essas estrofes oferecem ao declamador, os grandes poetas não conseguiram fugir à tentação de produzi-las. Para alguns, as setilhas, estrofes de sete versos de sete sílabas, foram criadas por José Galdino da Silva Duda, 1866 – 1931. A verdade é que o autor mais rico nessas composições, talvez por se tratar do maior humorista da literatura, de cordel, foi José Pacheco da Rocha, 1890 – 1954. No poema A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO, do inventivo poeta pernambucano, encontram estas estrofes:

Vamos tratar da chegada
quando Lampião bateu
um moleque ainda moço
no portão apareceu.
- Quem é você, Cavalheiro -
- Moleque, sou cangaceiro -
Lampião lhe respondeu.
- Não senhor – Satanás, disse
vá dizer que vá embora
só me chega gente ruim
eu ando muito caipora
e já estou com vontade
de mandar mais da metade
dos que tem aqui pra fora.
Moleque não, sou vigia
e não sou o seu parceiro
e você aqui não entra
sem dizer quem é primeiro
- Moleque, abra o portão
saiba que sou Lampião
assombro do mundo inteiro.

Excelente para ser cantada nas reuniões festivas ou nas feiras, esta modalidade é, ainda hoje, muito usada pelos cordelistas. Esta modalidade é, também, usada em vários estilos de mourão, que pode ser cantado em seis, sete, oito e dez versos de sete sílabas. Exemplos:

Cantador A

- Eu sou maior do que Deus
maior do que Deus eu sou
Cantador B

- Você diz que não se engana
mas agora se enganou

Cantador A

- Eu não estou enganado
eu sou maior no pecado
porque Deus nunca pecou.
Ou com todos os versos rimados, a exemplo das sextilhas explicadas antes:

Cantador A -

Este verso não é seu
você tomou emprestado

Cantador B -

Não reclame o verso meu
que é certo e metrificado

Cantador A -

Esse verso é de Noberto
Se fosse seu estava certo
como não é está errado.
2.4.7 – Oito pés de quadrão ou Oitavas

Os oito pés de quadrão, ou simplesmente oitavas, são estrofes de oito versos de sete sílabas. A diferença dessas estrofes de cunho popular para as de linha clássica é apenas a disposição das rimas. Vejam como o primeiro e o quinto versos desta oitava de Casimiro de Abreu (1837 – 1860) são órfãos:

Como são belos os dias
Do despontar da existência
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar – é lago sereno,
O Céu – Um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida um hino de amor.

Na estrofe popular aparecem os primeiros três versos rimados entre si; também o quinto, o sexto e o sétimo, e finalmente o quarto com o último, não havendo, portanto um único verso órfão. Assim:
Diga Deus Onipotente

Se é você, realmente
Que autoriza, que consente
No meu sertão tanta dor
Se o povo imerso no lodo
apregoa com denodo
que seu coração é todo
De luz, de paz e de amor.
2.4.8 – Décimas

As décimas, dez versos de sete sílabas, são, desde sua criação no limiar do nosso século, as mais usadas pelos poetas de bancada e pelos repentistas. Excelentes para glosar motes, esta modalidade só perde para as sextilhas, especialmente escolhidas para narrativas de longo fôlego. Ainda assim, entre muitos exemplos, as décimas foram escolhidas por Leandro Gomes de Barros para compor o longo poema épico de cavalaria A BATALHA DE OLIVEIROS COM FERRABRAZ, baseado na obra do imperador francês Carlos Magno:

Eram doze cavalheiros
Homens muito valorosos
Destemidos, corajosos
Entre todos os Guerreiros
Como bem fosse Oliveiros
um dos pares de fiança
Que sua perseverança
Venceu todos os infiéis
Eram uns leões cruéis
Os doze pares de França.

2.4.9 – Martelo Agalopado

O Martelo agalopado, estrofe dez versos de dez sílabas, é uma das modalidades mais antigas na literatura de cordel. Criada pelo professor Jaime Pedro Martelo (1665 – 1727), as martelianas não tinham, como o nosso martelo agalopado, compromisso com o número de versos para a composição das estrofes. Alongava-se com rimas pares, até completar o sentido desejado. Como exemplo, vejamos estes alexandrinos

“Visitando Deus a Adão no Paraíso
achou-o triste por viver no abandono,
fê-lo dormir logo um pesado sono
e lhe arrancou uma costela, de improviso
estando fresca ficou Deus indeciso
e a pôs ao Sol para secar um momento
mas por causa, talvez dum esquecimento
chegou um cachorro e a carregou,
nessa hora furioso Deus ficou
com a grande ousadia do animal
que lhe furtara o bom material
feito para a construção da mulher,
estou certo, acredite quem quiser
eu não sou mentiroso nem vilão,
nessa hora correu Deus atrás do cão
e não podendo alcançar-lhe e dá-lhe cabo
cortou-lhe simplesmente o meio rabo
e enquanto Adão estava na trevas
Deus pegou o rabo do cão e fez a Eva.”

Com tamanha irresponsabilidade, totalmente inaceitável na literatura de cordel, o estilo mergulhou, desde o desaparecimento do professor Jaime Pedro Martelo em 1727, em completo esquecimento, até que em 1898, José Galdino da Silva Duda dava à luz feição definitiva ao nosso atual martelo agalopado, tão querido quanto lindo. Pedro Bandeira não nos deixa mentir:

Admiro demais o ser humano
que é gerado num ventre feminino
envolvido nas dobras do destino
e calibrado nas leis do Soberano
quando faltam três meses para um ano
a mãe pega a sentir uma moleza
entre gritos lamúrias e esperteza
nasce o homem e aos poucos vai crescendo
e quando aprende a falar já é dizendo:
quanto é grande o poder da Natureza.

Há, também, o martelo de seis versos, como sempre, refinado, conforme veremos nesta estrofe:

Tenho agora um martelo de dez quinas
fabricado por mãos misteriosas
enfeitado de pedras cristalinas
das mais raras, bastante preciosas,
foi achado nas águas saturninas
pelas musas do céu, filhas ditosas.

2.4.10 – Galope à Beira Mar

Com versos de onze sílabas, portanto mais longos do que os de martelo agalopado, são os de galope à beira mar, como estes da autoria de Joaquim Filho:

Falei do sopapo das águas barrentas
de uma cigana de corpo bem feito
da Lua, bonita brilhando no leito
da escuridão das nuvens cinzentas
do eco do grande furor das tormentas
da água da chuva que vem pra molhar
do baile das ondas, que lindo bailar
da areia branca, da cor de cambraia
da bela paisagem na beira da praia
assim é galope na beira do mar.

Logicamente que há o galope alagoano, à feição de martelo agalopado, com dez versos de dez sílabas cuja diferença única é a obrigatoriedade do mote: “Nos dez pés de galope alagoano”.
2.4.11 – Meia Quadra

Outra interessante modalidade é a Meia Quadra ou versos de quinze sílabas. Não sabemos porque se convencionou chamar de meia quadra, quando poderia, muito bem, se chamar de quadra e meia ou até de quadra dupla. As rimas são emparelhadas e os versos, assim compostos:

Quando eu disser dado é dedo você diga dedo é dado
Quando eu disser gado é boi você diga boi é gado
Quando eu disser lado é banda você diga banda é lado
Quando eu disser pão é massa você diga massa é pão
Quando eu disser não é sim você diga sim é não
Quando eu disser veia é sangue você diga sangue é veia
Quando eu disser meia quadra você diga quadra e meia
Quando eu disser quadra e meia você diga meio quadrão.

A classificação da literatura de cordel há sido objeto da preocupação dos chamados iniciados, pesquisadores e estudiosos. As classificações mais conhecidas são a francesa de Robert Mandrou, a espanhola de Julio Caro Baroja, as brasileiras de Ariano Suassuna, Cavalcanti Proença, Orígenes Lessa, Roberto Câmara Benjamin e Carlos Alberto Azevedo. Mas a classificação autenticamente popular nasceu da boca dos próprios poetas.

No limiar do presente século, quando já brilhava intensamente à luz de Leandro Gomes de Barros, fluía abundante o estro de Silvino Pirauá e jorrava preciosa a veia poética de José Galdino da Silva Duda. Esses enviados especiais passaram a dominar com facilidade a rima escorregadia, amoldando, também, no corpo da estrofe o verso rebelde. Era o início de uma literatura tipicamente nordestina e por extensão, brasileira, não havendo mais, nos nossos dias, qualquer vestígio da herança peninsular.

Atualmente a literatura de cordel é escrita em composições que vão desde os versos de quatro ou cinco sílabas ao grande alexandrino. Até mesmo os princípios conservadores defendidos pelos nossos autores ortodoxos referem-se a uma tradição brasileira e não portuguesa ou espanhola. Os textos dos autores contemporâneos, apresentam um cuidado especial com a uniformização ortográfica, com o primor das rimas, com a beleza rítmica e com a preciosidade sonora.

2.5 As diferenças entre repente, literatura de cordel e embolada.

Repente: no Brasil, a tradição medieval ibérica dos trovadores deu origem aos cantadores – ou seja, poetas populares que vão de região em região, com a viola nas costas para cantar os seus versos. Eles aparecem nas formas da trova gaúcha, do calango (Minas Gerais), do cururu (São Paulo), do samba de roda (Rio de Janeiro) e do repente nordestino. Ao contrário dos outros, esse ultimo se caracteriza pelo improviso – os cantadores fazem os versos “de repente”, em um desafio com outro cantador, não importa a beleza da voz ou afinação o que vale é o ritmo e a agilidade mental que permita encurralar o adversário apenas com a força do discurso.

A métrica do repente varia, bem como a organização dos versos: temos a sextilha (estrofe de seis versos, em que o primeiro rima com o terceiro e o quinto, o segundo rima com o quarto e sexto), a sepetilha (sete versos em que o primeiro e o terceiro são livres, o segundo rima com o quarto e o sétimo e o quinto rima com o sexto) e variações mais complexas com o martelo, o martelo alagoano, o galope beira mar e tantas outras. O instrumento desses improvisos cantados também variam: daí que o gênero pode ser subdivididos em emboladas (na qual o cantador toca pandeiro ou ganzá), o aboio (apenas com a voz) e a cantoria de viola.

Cordel: A literatura de cordel é assim chamada pela forma como são vendidos os folhetos pendurados em barbantes (cordões) nas feiras, mercados, praças e bancas de jornais, principalmente nas cidades do interior e nos subúrbios das grandes cidades. Essa denominação foi dada pelos intelectuais e é como aparece em alguns dicionários. O povo se refere a literatura de cordel apenas como folheto.

Embolada: Canto geralmente improvisado com refrão fixo para o desafio de dois emboladores que se “enfrentam” de maneira semelhante aos repentistas da viola – a diferença é que, na embolada, o instrumento é o pandeiro. Muito comum no litoral nordestino. “A briga” se dá em forma de sextilha. Também é comum um único embolador se apresentar para uma roda de curiosos – neste caso, o poeta usa seus versos para satirizar a platéia, mas sem agredi-la, e pedir dinheiro.

“A história de Joana”
Preste atenção, amigo
Na história que eu vou contar
Não aconteceu comigo
Mas você pode se identificar
Trata-se de um amor não correspondido
Uma paixão de matar…
Era uma vez uma menina
Seu nome era Joana
Por todos era querida
Menos pelo menino que ama
Ela muito sofria
Porém ele não a correspondia
Ela fazia de tudo
Mas ele não a notava
Suas amigas diziam para esquecer
O menino que tanto amava
Mas ela não conseguia
Tirá-lo do coração
Toda vez que o via
Suspirava de emoção
Ele a ignorava
E ela morria de paixão
E um dia então
Ela resolveu se declarar
Falar pra ele quanto o amava
Já não agüentava mais se calar
Foi cheia de esperança
Se ele quisesse namorar. Ficar
Pelo menos tentar
Para ver no que dá
Chegou acanhada
A vergonha teve que engolir
Quando ela terminou
Ele postou-se a rir
E para todos falou
“Olhem só essa garota
O que veio me dizer
Que me ama imensamente
Ora, tenho mais o que fazer
Saia logo daqui
Posso ter melhores que você”
Todos riram dela
E Joana começou a chorar
Foi saindo de fininho
Andando bem devagar
Ela queria para sempre
Aquela cena apagar
Mas não conseguiu esquecer
A humilhação que passou
Um ódio começou a nascer
E então ela se vingou
Uma raiva enorme tomou conta
No lugar daquele amor
No outro dia, no intervalo
Todo mundo se calou
Quando ela apareceu
Uma arma sacou
E apontara para Mateus
O menino que tanto amou
Aos prantos começou a gritar
Estavam todos espantados
Não sabiam o que falar
Ela, então, começou a se pronunciar
Falou alto e claro e em claro tom
Para que todos pudessem escutar
Todos guardaram suas palavras
As quais irei lhes relatar
“Posso não ser o que você espera
Mais sou muito mais do que merece
Me arrependo por tê-lo amado tanto
Um garoto que não vale uma lágrima do meu pranto
Você me fez de idiota
Eu, a menina que mais lhe amou
Agora, olhe sua condição
Sua vida está em minha mão”
Mateus não sabia o que fazer
Mais não teve tempo para pensar
Joana não o perdoou.
Os folhetos de cordel, com seus múltiplos temas e como se sabe esta riquíssima e sugestiva expressão literária popular que se encontrou fértil campo no nordeste brasileiro, espirada na literatura francesa Colportage, nos romances e pliegos sueltos hibéricos e na própria literatura de cordel portuguesa a nossa de literatura de folhetos (ou de cordel) nasceu e desenvolveu-se no nordeste brasileiro, cantando as sagas e a sabedoria do povo sertanejo. Atualmente, esta manifestação popular pode ser encontrada em diversos pontos do país, sempre incentivada pela comunidade nordestina.
O primeiro folheto que se tem noticia foi publicado na Paraíba por Leandro Gomes de Barros, em 1893, acredita-se que outros poetas tenham publicado antes, como Silvino Pirauá de Lima, mas a literatura de cordel começou mesmo a se popularizar no inicio deste século. As primeiras tipografias se encontravam no Recife e logo surgiram outras na Paraíba, na Capital e em Guarabira. João Melquiades da Silva, de Bananeiras, é um dos primeiros poetas populares a publicar na tipografia popular Editor, em João Pessoa.
Contrariando a austera do alto grau de analfabetismo, a popularização da Literatura de Cordel no Nordeste se deu mais pelo esforço pessoal dos poetas cordelistas, fora dos círculos culturais acadêmicos, contando suas histórias nas feiras e praças, muitas vezes ao lado de musicas. Os folhetos eram expostos em barbantes, ou amontuados no chão, despertando a atenção do matuto que se acostumou a ouvir os temas da literatura popular de cordel em suas idas às feiras, verdadeiras festas para o povo do sertão, nas quais podiam, além de fazer compras e vender produtos, divertir-se e se inteirar dos assuntos políticos e sociais.
Pode-se falar em Literatura de Cordel como um conjunto de autores, obras e publico. O poeta cordelista, na maioria das vezes de origem humilde e proveniente do meio rural, migrava para os grandes centros urbanos onde passava a tirar seu sustento da venda dos folhetos, chegando, algumas vezes, a funções de tipógrafo e editor. Neste contexto, ele se tornava verdadeiro mediador das concepções das classes populares nordestinas, já que compartilhava a mesma ideologia e valores de seu público.
Os folhetos, confeccionados em sua maioria no tamanho 15 a 17cm x 11cm e, em geral, impresso em papel de baixa qualidade, tinham suas capas ilustradas com xilogravuras na década de 20, em substituição as vinhetas. Já nos anos 30 a 50, surgiram as capas com fotos de estrelas de cinema americano. Atualmente ainda mantém o mesmo formato, porém são encontrados outros maiores. Quanto à impressão, substituído a tipografia do passado, hoje são usadas as fotocópias.

Os temas da Literatura de Cordel são muito estudados por folcloristas, sociólogos e antropólogos que chegam a apresentar conclusões polemicas e algumas vezes contraditórias quanto a sua classificação. Detalhes a parte, quanto a varias propostas, os folhetos se dividem entre os assuntos descritivos e os narrativos. È no primeiro grupo que estão incluídos os folhetos de conselhos, eras, corrupção, profecias e de discussão, que guardam um certo parentesco em si, por encerrem uma mensagem moralista freqüentemente ligada a uma ética e a uma sabedoria sertaneja.

Nesta área multiplica-se as histórias que trazem como pano de fundo a vida dura do campo cheia de sofrimentos, mais alheia aos desmartelos do mundo moderno e urbano. Também se encaixam nos folhetos descritivos as pelejas entre cantadores e poetas, as personalidades da cidade e da política (muitas vezes encomendadas pelos próprios políticos em época de eleição), os temas de louvação ou critica, os religiosos contando preconceitos e virtudes católicas, as biografias ou milagres dos santos e de figuras como Padre Cícero e Frei Damião. Há ainda os de gracejos de acontecimentos reais e imaginários, de bravura e valentia como os feitos de Lampião, Antonio Silvino e Pedro Malasarte, entre outros que a literatura popular transformam bandidos em heróis.

As características gráficas e temáticas dos folhetos podem variar de acordo com o deslocamento da área de atuação do poeta que muitas vezes se depara com um publico de concepção e comportamento diferente do matuto nordestino.

Ao falar de literatura de cordel no nordeste não se pode esquecer de Antonio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, referencia no município em que nasceu. Analfabeto “sem saber as letras onde mora”, como diz num de seus poemas, sua projeção em todo Brasil se iniciou na década de 50, a partir da regravação de “Triste Partida”, toada de repente gravada por Luis Gonzaga (ver anexo).

Sua imaginação poética serviu vassala a denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir às condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere à estrofe da música Cabra da Peste.

“Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que alinda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.”

Dentre os grandes nomes da xilogravura nordestina não se pode deixar de falar em um gênio que é o DILA- José Soares da Silva, residi em Caruaru-PE, onde estalou uma rústica oficina gráfica para imprimir os seus folhetos. É um dos mais respeitados xilogravura do nordeste brasileiro, trabalhando com sua arte com lâmina de barbear em pedaços de madeiras em pedaços de madeiras umburana. No qual fabrica capa de cordéis ate rótulos de garrafas de aguardente e outros produtos. É um dos poucos que, alem da madeira, utiliza a borracha para talhar as xilogravuras, alem de seu local de trabalho, transformou –se num ponto de atração turística.

3 – ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES

A aprendizagem, trata-se de um processo, pelo qual o aluno se apropria das experiências de ensino do cotidiano, o qual analisa para futuramente explorá-la no meio em que vive. Nesse intere de relação existente entre professor e aluno, vem-nos a pergunta, qual seria a melhor maneira de se aprender Literatura, quando os alunos de hoje têm a leitura como uma “tortura”?
Na verdade, percebe-se que o professor, bem como a Escola devem estar aptos a captarem a melhor forma de ensinar, se responsabilizando na melhoria da qualidade da educação, conforme bem asseverou Paulo Freire, 1985:77, “Queremos ter uma escola viva , em que se viva a cidadania e não uma escola onde um dia se sonhe em ser cidadão. A infância já cidadã, é ser vivo já, é ser social já”.

A arte, trata-se da melhor forma de chamar à atenção do aluno, pois propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que se caracteriza em um eu particular de cada aluno. A questão do ensino da leitura literária, envolve um exercício de reconhecimento, fazendo estarem presentes na escola em relação aos textos literários.

Daí surge a Literatura de Cordel, como meio incentivador para o ensino de literatura. Na verdade, essa Literatura bastante desconhecida aqui mesmo na região nordestina, onde dela se extrai um grande número de cordelistas, percebe-se que as escolas não trabalham esse tipo de literatura, que é bastante excluída nas salas de aula, bem como nos livros didáticos.

Ora, a literatura de cordel, trata-se de um veículo de fabuloso fomento à identidade regional, foi por muitos anos a principal forma de veiculação de notícias em vários Estados do Nordeste. Hoje, sem muita importância, é pouco desenvolvida por alunos em salas de aula, os quais poucos a conhecem.

Destacando o texto de José Romero Araújo Cardoso, ao tratar dessa literatura bastante desconhecida em seu artigo “A Importância do Cordel na Sala de Sula”, o qual destaca iniciativas como a de Arievaldo Viana, através do projeto intitulado “Acorda Cordel na Sala de Aula”, ressalta a importância de se estudar o cordel em sala, ou seja, como forma de incentivo no ensino da literatura.

Romero destaca as atividades desenvolvidas por Arielvado, onde o mesmo desenvolve sua verve extraordinária alertando sobre a necessidade de primar por normas ortográficas e gramaticais corretas, tendo em vista que o cordel, quando usado para alfabetização, principalmente de jovens e adultos, os quais já por estarem com uma idade já considerada avançada em se alfabetizarem o cordel entra nesse cenário como a melhor maneira que Arievaldo Viana encontrou para a alfabetização de jovens e adultos.

Romero ressalta, ainda, em seu artigo a influência do cordel na vida de Arievaldo, o qual desde a infância, quando se verificou o contato do mesmo com grandes nomes das bravuras e feitos épicos narrados primorosamente em folhetos de diversos mestres do passado. Destaca, ainda, que o Cordel tinha decisiva importância na formação do povo nordestino em razão que o advento do rádio e da televisão era pouco enfático.

De acordo com Arievaldo Viana, a escola exclui o cordel da sala, mostrando outro tipo de literatura difícil para quem está acabando de aprender a ler e escrever:
As pessoas acabam de aprender a ler, e a escola oferece logo livros do Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Drumond e outros autores. São excelentes escritores e poetas, mas o texto deles, para quem acabou de começar a ler, é muito denso e difícil de entender. Por isso, eu acredito que seja necessário que as escolas de ensino fundamental utilizem, nas bibliotecas, os folhetos de cordéis porque são textos simples e mais agradáveis para quem acaba de começar a ler e se familiarizar com a escrita.
(Diário do Nordeste)
Conforme o que acredita Arievaldo Viana, os versos em cordel são mais fáceis de serem memorizados, devido à rima agradável. Por isso, além de promover a leitura, o trabalho educativo com os cordéis se estende para outros tipos de conhecimento.

Arievaldo se destaca por apresentar um célebre projeto dos cordéis em sala de aula, o qual existe há mais de cinco anos e foi pioneiro na cidade de Canindé, depois alguns municípios de outros estados do Brasil, os quais aderiram ao projeto de Arievaldo e já o estão desenvolvendo.

Outro projeto, bastante discutido foi o que aconteceu na zona rural da cidade de São Gonçalo do Amarante/Ce, com a professora Francisca das Chagas, da Escola de Ensino Fundamental João Pinto Magalhães, intitulado “Rimas que encantam”, discutido por Denise Pellegrini, a qual ensinou seus alunos a utilizar o conhecimento regional (cordel) para melhorar a leitura e escrita, cabendo frisar que a referida professora com esse trabalho que fez em sala foi merecedora do prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita.

Conforme Francisca das Chagas relatou, o projeto teve como objetivo maior a informação, onde se pesquisaram vários autores de cordéis, a definição, alguns poemas, dentre os quais se destacou Patativa do Assaré, donde os alunos recitaram e copiaram alguns poemas dele.

Ainda em relação, ao Projeto da professora Francisca das Chagas, conforme Denise Pellegrini ressaltou a professora referida de inicio estava um pouco apreensiva, porém com o desenrolar do projeto, percebia-se o interesse dos alunos pelo Cordel.

Ao analisar, o artigo “Cordel para iniciantes. E iniciados” de Joana Lira, a mesma relata os trabalhos apresentados pelas professoras Sandra Lúcia de Souza Menezes e Margaret Mota de Lima, do Instituto Educacional O Canarinho, de Fortaleza, as quais utilizaram do Cordel como meio incentivador para o aprendizado do aluno, as quais destacaram que a Literatura de Cordel foi por muitos anos a principal forma de veiculação de notícias em vários Estados do Nordeste e que com o tempo foi perdendo a importância e hoje, muitos estudantes desconhecem esse tipo de literatura.

Percebe-se que um professor ao utilizar da literatura de cordel e textos de Patativa do Assaré para quebrar, preconceitos da arte literária, mostrando aos alunos que a língua popular muitas vezes é ridicularizada, porque o povo é discriminado, irá fazer com que os alunos descubram a rega gramatical desses versos, trabalhando assim a literatura e a linguagem, fazendo com que os mesmos redescubram um linguagem rica em rimas e versos, desmoronando assim o pensamento de que certo é só o que está na mídia.

Pois bem. É necessário partir da idéia básica de que o Cordel em si, trata-se de um texto literário de suma potencial de produzir, o qual não se origina obrigatoriamente de uma necessidade prática – não constitui uma resposta a uma solicitação imediata e, por isso mesmo, se constitui num exercício de liberdade lingüística como nenhum outro uso que se consegue ser.
Assim, à Escola, em geral, e ao Ensino Médio, em particular, devem injetar a Literatura de Cordel no ensino de Literatura, porque só assim o aluno conseguirá perceber e exercitar as possibilidades mais remotas e imprevistas a que a sua Língua pode remeter.

Na verdade, percebe-se que o que fora discutido acima, trata-se de opiniões que foram ratificadas por pessoas que estudaram a fundo o tema, verifica-se, que as escolas de hoje, estão querendo se adaptarem ao novo estilo de ensinar, compreendendo os valores e etnias dessa geração e quais são os meios que se prendam à atenção dela. Sabe-se, ainda que há muito a melhorar, mas os erros, as perspectivas foram apresentadas, como aqui mesmo fora estudado, e corroborado por diversos projetos que injetaram o cordel no ensino de literatura.

4 -CONCLUSÃO

Ao terminar este trabalho, vi e entendi como a Literatura de Cordel, enquanto veículo do imaginário popular, refaz os caminhos enviesados do olhar matuto, reconstitui a maneira do sertanejo reagir ao mundo e, mais do que isso, deixa pistas do sistema complexo sobre o qual se edifica seu sentimento de contestação.

Manifestação artística viva em sintonia estreita com visão popular, a Literatura de Cordel oferece aos pesquisadores um espaço sempre aberto de reflexão sobre uma maneira peculiar, por vezes contraditória, mas não menos preciosa, de se pensar o mundo e de afirmar a identidade, traçando caminhos de subversão e de liberdade, protesto, convertendo o espaço poético numa arena de luta.

É que o povo sofrido, alimentado por sentimentos de inferioridade, constrói suas próprias maneira de dar sentido a uma existência sofrida e de recuperar um pouco da dignidade ofendida, e de negação da realidade na qual o povo se vinga do opressor, a Literatura de Cordel se oferece para a Literatura de uma forma geral como veiculo da revolta artística elaborada, dando à ficção a potencialidade da luta e da subversão.

5 – REFERENCIAL TEORICO

ABAURRE, Maria Luiza M; PONTARA, Marcela, Literatura Brasileira: tempos leitores e leituras, volume único, São Paulo, editora moderna, 2005.

ABAURRE, Maria Luiz e PONTORA, Marcela. Literatura Brasileira, tempos leitores e leituras. Ed. Moderna. Ensino Médio

ABLC – Academia Brasileira de Cordel . Academia Brasileira de Cordel, Gonçalo Ferreira da Silva, Literatura Brasileira, Literatura popular, Duelo de Repentistas

CORDEL,Literatura de. Disponível em: www.guiape.com.br/culturais/literatura de cordel.html.
Diário do Nordeste – caderno 3

DUARTE, Marcelo. O Guia dos Curiosos., língua Portuguiesa. São Paulo. Pand 12003.
FERREIRA, Mauro. Entre palavras, nova edição/ 2.edição – São Paulo:
Editora FTD ,2006.(coleção entres palavras)

FREIRE, Paulo, Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. 77p.
GERIN, Júlia; PORTO, Márcia Flamia; NASCIMENTO, Rubi Rachel.

Volume integrado, 1; 5ºe 6º séries Língua portuguesa ; Educação Jovens e Adultos, Curitiba: Editora Educarte,2006

LIRA, Joana. Cordel para iniciantes. E iniciados. Mundo Jovem numero 335 abril 2003.
NICOLAS, José de. Literatura brasileira das origens aos nossos dias; 15ª edição, São Paulo, editora Scipione, 1969.

BARSA, Enciclopédia. ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES LTDA.


2.6 A história da literatura de cordel no Nordeste.